O site estrutura-se em quatro páginas centrais que sintetizam a recolha do acervo sonoro dentro dos quatro eixos da nossa pesquisa: (1) Linguagem; (2) Memória; (3) Música; e (4) Quotidiano. Através destas quatro páginas, o utilizador pode entrar nos doze mundos individuais dos nossos porta-vozes. Nas Doze Memórias, os espaços urbanos escolhidos pelos estudantes, dentro dos quatro bairros de Lisboa, são ocupados pelos imaginários sonoros de territórios distantes, num entrelaçamento sonoro entre o cá e o lá. Nos Doze Quotidianos, mostra-se o mundo sonoro dos seus espaços de lazer e as suas próprias ações gestuais e sons ativos no espaço, sempre acompanhados pela música preferida nos seus fones.
Linguagem
A paisagem sonora nesta página é toda construída no cruzamento de vozes, de falas e de conversas. Escutamos a linguagem como simples som do ambiente, sem pretender que seja um instrumento de comunicação e descobrimos os sons do ambiente reproduzidos através da fala.
Memória
A paisagem sonora nesta página baseia-se na sobreposição de sons que remetem para a memória de territórios distantes, mas não esquecidos: o tambor trông do Vietname, a campainha da escola no Bangladesh, o monal do Himalaia do Nepal, a máquina de moagem de pimenta da Nigéria ou o car rapide de Dakar no Senegal, entre outros.
Música
A paisagem sonora do mundo quotidiano de cada um dos doze alunos também encontra-se colorida pelos fones nos ouvidos e pela música que acompanha cada um deles nas suas atividades diárias e nos seus percursos pela cidade. Podemos escutar o cruzamento de músicas que falam de localidades desconhecidas e transversalidades globais.
Quotidiano
A paisagem sonora nesta página está construída na sobreposição de sons do ambiente dos bairros de Alfama, Graça, Mouraria e Arroios. A cidade contém diferentes escalas e capas de informação sonora, junto com as transitoriedades dos movimentos, ações e atividades diárias dos nossos próprios alunos.
Doze Memórias
Kriti lembra-se do som das águas do rio e do transporte de burro nas montanhas no Nepal; do som do seu pássaro nacional – o monal dos Himalaias; do som alegre do madal nepali e das ruas da sua cidade, Nawalparasi, cheias de bicicletas riquexós. Kriti apresenta-nos dos largos na Mouraria: o Largo dos Trigueiros e o Largo da Achada
Ashish lembra-se da campainha da escola no Nepal; dos autocarros locais; do faisão kalij. Ashish apresenta-nos o Jardim da Cerca da Graça, na Graça.
Zhihao fala-nos do som típico do instrumento musical pipa, da China, e acrescenta o som do guzheng. Também se lembra do barulho das motas elétricas e dos triciclos de carga que ainda circulam pela sua cidade natal. Não se esquece do som do grou de coroa vermelha, presente na China. Zhihao apresenta-nos o Jardim da Graça, na Graça.
Suraj lembra-se do som do punjabi dhol, da Índia, que se toca nas festas; dos riquexós que circulam pela sua cidade e do pequeno passarinho cotovia de poupa, do Punjab. Suraj apresenta-nos o Largo do Martim Moniz, na Mouraria, onde passa muito do seu tempo livre.
Tangilá fala-nos do som típico do pássaro koel, típico do Bangladesh; do som do transporte de barco em Dakka e do som do instrumento toombi. Tangilá apresenta-nos a Igreja de São Miguel, em Alfama.
Fokrul lembra-se da campainha das antigas estações do comboio no Bangladesh; do instrumento musical ektara e do passarinho papa-figo amarelo, próprio do seu país. Fokrul apresenta-nos o espaço do Convento da Graça, na Graça.
Huy lembra-se do som do tambor trôngdo Vietname. Também se lembra do som da cigarra nos parques públicos, ou o barulho das motocicletas nas ruas de Hanoi. Lembra-se do som do pássaro chim sáo, próprio da sua terra. Huy apresenta-nos a rua do Benformoso, na Mouraria.
Denise lembra-se do som da harpa, ou de outros instrumentos musicais, como o nai e a cobza, típicos da Roménia. Acrescenta os sons dos elétricos de Bucareste ou o pássaro ciocanitoare verde, próprio também da sua terra. Denise apresenta-nos o Largo da Severa, na Mouraria.
Lamarana lembra-se do som do turaco, na Guiné Conacri; dos sons dos instrumentos musicais gongoma e balafon e da quantidade de moto-táxis que há na sua cidade natal. Lamarana apresenta-nos a Igreja de São Cristóvão, na Mouraria.
Emmanuel lembra-se da máquina de moagem de pimenta que se usa em todas as casas na Nigéria; do transporte no tuk-tuk chamado keke maruwa; do som do tambor falante gan gan e da pombinha sorridente presente em muitas partes da África. Emmanuel apresenta-nos o Jardim de Botto Machado, na Graça.
Malick lembra-se do som dos car rapide na sua cidade de Dakar, no Senegal; do papagaio do Senegal e do instrumento musical kora, próprio da sua terra. Malick apresenta-nos o espaço público da Alameda, no limite com Arroios, que ele conhece muito bem.
Michele lembra-se do som das carrinhas de venda de gelados nas Filipinas; do som da bandurria, típica da sua terra; dos triciclos-jipe que circulam pela cidade e da majestosa águia das Filipinas. Michele apresenta-nos o Largo do Intendente, em Arroios, perto de onde mora.
Doze Memórias
Através da música de Ed Sheeran e Aakhako Bato, Kriti caminha para o Campo das Cebolas, no limite com Alfama, onde gosta de se encontrar com as amigas para conversar ou jogar badminton. No seu quotidiano escuta o som da água nos dias de chuva, ou gosta de escutar o batimento dos seus pés ao subir e baixar as escadinhas das encostas. Convive, como os seus outros colegas, com o barulho das obras no centro histórico. No seu tempo livre gosta de tocar piano. Músicas escolhidas: Ed Sheeran, Happier e Aakhako Bato, B-8eight. *A música do piano é do seu colega Sushil (Nepal)
Através da música de Kutumba e Nephathya, Ashish leva-nos ao Campo dos Mártires da Pátria, onde sempre joga à bola com os amigos. Ali escuta-se uma banda, passa um tuk-tuk à distância, ouve-se os patos e Ashish faz aquilo de que mais gosta: saltar e correr. No seu tempo livre, Ashish também toca guitarra e partilha connosco uma canção. Músicas escolhidas: Kutumba, Sannani e Nephathya, Taal Ko Pani.
Através da música de Lamsey e Ni Zhàn, Zhihao chega a casa dos seus amigos e bate à porta. Saúda-os, passa pela sala onde está a família e chega ao quarto, onde passa toda a tarde a jogar videojogos com os amigos. De quando em quando, uma ambulância soa lá fora, na rua. E, no quintal, um galo marca o passar das horas. Músicas escolhidas: Lambsey, Planet e Ni Zhàn, Zhâng Jié.
Através da música de Kamal Khan e Marshmello & Anne-Marie, o Suraj leva-nos, de bicicleta, ao Largo do Martim Moniz para brincar com a água. Com amigos ri, faz beat box e, às vezes, fala crioulo. Gosta de bater em mesas e cadeiras no Largo e fazer música. Músicas escolhidas: Kamal Khan, Jatinder Jeetu e Marshmello&Anne-Marie, Friends.
Através da música do Avicii e do Exo, Tangilá leva-nos numa viagem dentro do elétrico 28, que percorre a Mouraria, Graça e Alfama. Gosta de partilhar o seu tempo com os amigos e rir, assobiar, fazer barulhos com a boca e cantar. Quando está aborrecida bate com a mão na madeira para fazer música. Músicas escolhidas: Avicii, The Nights e Exo, Power.
Através da música de Priton Hasan, Fokrul leva-nos ao Miradouro da Graça, cheio de gente no café da explanada. Gosta de caminhar com amigos, assobiar e brincar com eles batendo nos corrimãos. No seu tempo livre joga pingue-pongue. Músicas escolhidas: Pritom Hasan, Jadukor.
Através da música de Min Min e Son Tung, o Huy leva-nos a caminhar pela Rua do Benformoso, onde gosta de jogar à bola, enquanto os carregadores transportam produtos das carrinhas para dentro das lojas. Quando tem fome entra na leitaria e, se estiver aborrecido, brinca com as garrafas de vidro na rua. Músicas escolhidas: Min Min, Có em Cho e Son Tung, Chúng Ta Không Thuôc Vê Nhau.
Através da música de Ruby e de Shift, Denise caminha pela sua casa e relaxa no sofá, a ver a televisão. Gosta de bater palmas e de fazer estalos e sons com a boca. O alarme lembra-a de que são hora de sair de casa. Músicas escolhidas: Ruby, Iti multumesc e Shift, Taci Inima.
Através da música de Halima Bah e de Yasmine, Lamarana cozinha para ter os amigos à volta de uma mesa. Na cozinha cruzam-se os sons do micro-ondas, o frigorífico, enquanto bate os ovos, golpeia o almofariz ou deixa cair, acidentalmente, uma garrafa de vidro. Músicas escolhidas: Halima Bah, Hibe Yendodira Saida e Yasmine, Não Posso.
Através da música de Davido e Drake, Emmanuel leva-nos ao Jardim de Botto Machado, onde joga à bola com os amigos. Os turistas estão sempre a passar, e à volta ouve-se o barulho dos tuk-tuks a subir a encosta e um carro a arrancar. Malick gosta de bater nos baldes e fazer música. Músicas escolhidas: Davido, Bo Bo e Drake, God’s Plan.
Através da música de Safary e de Lara Fabian, Malick leva-nos à Alameda Afonso Henriques para jogar a basquetebol com os seus amigos. Pelo caminho entra numa pastelaria, ouve o barulho dos carrinhos do lixo em movimento e bate em baias e portões de ferro. Músicas escolhidas: Safary, Faut pas Forcer e Lara Fabian, Je t’Aime.
Através da música de BigBang e Moira dela Torre, Michele leva-nos ao seu largo preferido, o Intendente. Ali gosta de ler um livro, escutar o som da água da fonte, ouvir os pombos. Uma menina está a brincar com a água e chora. Na esplanada, as pessoas bebem e falam, enquanto vai chegando o tempo de recolher e arrumar cadeiras. Músicas escolhidas: Bigbang, Bad Boy e Moira dela Torre, Malaya.